Vivemos numa época de grandes diferenças e de grandes transformações. As leituras de hoje falam-nos da identidade do Cristão no Mundo, com particular incidência para o nosso papel enquanto promotores de justiça social.
Vejo vários problemas. O primeiro, tem que ver com o posicionamento da Igreja na sociedade. Há quem nos queira reduzir a um fenómeno privado: a fé seria assim algo só entre mim e Deus. Não pode ser! E não pode porque a fé deve configurar a vida do Crente e o Crente vive no Mundo! O segundo, está ligado a este tema que ver com a forma como nós mesmos deixamos que vida e fé se divorciem… uma desunião de facto… o que rezo, sozinho ou em comunidade não corresponde depois a forma como vivo.
Ora, o Mundo de hoje não é muito diferente daquele em que as leituras surgiram. Há uma distância enorme entre ricos e pobres, que se estende à escala do planeta: 75% da Humanidade tem acesso apenas a 20% dos recursos disponíveis. Muitos dos movimentos migratórios são provocados por esta desigualdade, factor a que se juntam a violência ou a falta de respeito pelos direitos humanos mais básicos.
Sonho com uma Igreja capaz de denunciar estas situações e de se empenhar na busca de soluções. Mas a Igreja é cada um de nós, na sua escala, na sua vida. Dou um exemplo. Hoje celebramos o Dia Mundial do Migrante e do Refugiado. Como migrantes, deveríamos entender, particularmente bem, a urgência dos refugiados… curiosamente, já ouvi vários migrantes a dizer que os refugiados não deviam vir para Alemanha. Fica mal a qualquer cristão, fica particularmente mal a um cristão mal a um cristão migrante. O problema maior da Igreja não são os projetos ou as estratégias… mas a mentalidade de alguns crentes que teima em não deixar que o Evangelho se torne realidade… temos muito a fazer…
P.e Rui Barnabé