Ao longo da minha vida de Padre, já me cruzei com muita gente que dizia ter muita fé e também com outros tantos que não falavam muito sobre isso, mas que, sob um olhar atento, eram verdadeiros sinais de fé no mundo, no seu mundo.
Aparentemente dizer que se tem Fé, é algo natural, faz parte da nossa experiência de Cristãos e do nosso vocabulário normal. Mais difícil é definir isso que é ter Fé. A Fé em si pode ser vista de duas formas básicas. A atitude, o acreditar, que toca a dimensão da ação: eu tenho fé – em contexto cristão – quer dizer, eu acredito na pessoa de Jesus Cristo. E, os conteúdos da Fé em que se acredita. Na nossa realidade de Igreja, poderíamos dizer que os conteúdos da Fé estarão resumidos no Credo que rezamos em cada domingo, na Missa.
Acreditar, ter Fé, engloba assim duas dimensões fundamentais: o ato de acreditar; e as realidades em que se acredita. Nesta semana, a primeira leitura, retirada do Livro do Génesis, apresenta-nos Abraão como Modelo de Fé. Ter Fé, segundo o exemplo que nos é proposto, consiste sobretudo em desenvolver uma confiança em Deus, uma confiança que persiste. Há alguns anos atrás escutei uma frase que me ficou na memória: as convicções só são verdadeiras quando não somos capazes de abdicar delas, mesmo em situações que seria mais confortável fazê-lo. Isto tem muito que ver com o Abraão que hoje nos é apresentado. Porque confia em Deus, não duvida d’ Ele, faz Fé n’ Ele. Tinha todas as razões para desconfiar: a idade era avançada, descendência não tinha, a Terra Prometida ainda não era a realidade sonhada… Este Homem poderia duvidar… optou por não o fazer…
P.e Rui Barnabé