As notícias chegam-nos pelas televisões, pela internet, pelos mais diversificados meios de comunicação. Nos últimos dias têm-se repetido os ataques e as ameaças de parte a parte… a lista das vítimas vai-se tornando mais clara… falo, naturalmente, dos ataques em Paris e de tudo o que se lhe sucedeu.
Naturalmente que, como crente, me pergunto: onde, afinal, está Deus? A pergunta ganha ainda mais substância quando a violência a que assistimos é perpetrada em nome d’ Ele.
Lendo os textos que somos convidados a rezar este domingo na Eucaristia, no meio de muitas dúvidas que possam subsistir, uma convicção ganha consistência: Deus não está nos atos de violência, na sede de poder, no ódio ou em qualquer comportamento que possamos reportar de criminoso.
O Evangelho, anúncio e testemunho de Jesus Cristo, superou essas deformações da imagem de Deus. Ele próprio se apresentou como Filho de Deus, Rei que veio para instaurar uma nova ordem. Proposta que não se confunde com os critérios mais habituais nos impérios humanos de todos os tempos. Optou pela não violência, pelo diálogo, pela não descriminação, pela compreensão. Optou, sobretudo, pela justiça que é o fundamento da paz para qualquer povo e para as relações entre nações e culturas diferentes.
Deus não está na violência, mas está nas vítimas, está nos injustiçados, nos oprimidos, nos marginalizados, Ele próprio passou por essa situação. Cristo identifica-se com os que socorrem, com os que apoiam, com os que defendem a paz, a justiça, a liberdade, a igual dignidade de todas as pessoas, a solidariedade que, na sua óptica, se cataliza em fraternidade, sobretudo se as pessoas se descobrem como filhas do mesmo Pai. Porque Deus é amor, consigo-O perceber naqueles que vivem segundo essa gramática, porque Deus veio sobretudo para os que a sociedade esquece, reconhece-O nas vítimas de toda e qualquer opressão, de toda e qualquer injustiça.
P.e Rui Barnabé