Quem não quer ser feliz? Todos andamos à procura da nossa praia, daquele sítio, daquele estado, daquele objetivo, daquela situação em que imaginamos que, estavelmente, seremos felizes. Por isso trabalhamos todos os dias, porque, o dinheiro é preciso para viver, por isso investimos nas relações afetivas à procura da cara metade ou do grupo de referência, por isso estabelecemos metas, que sendo práticas, pragmáticas e mensuráveis, não são outra coisa senão meios para atingir a realização pessoal e, portanto, a felicidade.
Na imaginação de muitos de nós, senão de todos, este conceito de felicidade pode pois ser traduzido em ideias simples como: bem-estar, segurança, estabilidade económica, porventura realização afetiva ou mesmo sentido de dever cumprido. Curiosamente, e na minha experiência de vida como Padre, tive ocasião de falar deste tema com muitos jovens, rapazes e raparigas que haviam crescido em ambiente cristão. Foram raras as vezes em que Deus, espontaneamente, naquelas trocas de ideias informais, aparecia como importante ou determinante… Talvez porque o discurso da Igreja, em certas alturas e ambientes, fale mais de dever do que de realização pessoal integral, talvez porque o ser cristão não seja a realidade a partir da qual se constrói o resto da vida e fica remetido para um hobbie de fim de semana…
A verdade é que a proposta de Cristo é caminho de felicidade. Certamente que não será uma felicidade rápida e pronta a usar – por isso S. Paulo nos diz esta semana que para entender a Sabedoria de Deus é preciso ter uma sensibilidade que vá para além do óbvio – mas não deixa de ser estabilidade, porque nada há mais estável do que Deus, não deixa de ser relação, não deixa de haver segurança… e para quem achar que viver assim é cinzento de mais (eu também sou desses), colocar Deus no projeto de vida traz necessariamente radicalidade e aventura… porque nunca sabemos o que Ele nos vai pedir a seguir… e até pode ser difícil… mas se dissermos sim, tornamo-nos mais completos!
P.e Rui Barnabé